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Momentos de contemplação, introspecção e reflexão são fundamentais e, apesar de raros em minha atual rotina, faço acontecer, mesmo que sejam instantes. 

Em um desses momentos, estava eu contemplando minha estante de livros e um em especial chamou minha atenção: 

‘O pão da amizade’ de Darien Gee, já lido por mim pelo menos duas vezes. 

Eu, que até aquele momento estava jogada obliquamente no sofá com um cansaço peculiar, me aprumei e depois de alguns instantes, peguei o livro em minhas mãos. 

Comprado há alguns anos, páginas amareladas e a lombada meio capenga – como diria minha avó materna – e uma deliciosa fragrância de livro (amantes de livro entenderão). 

Um fato curioso é que eu estava exatamente olhando e pensando nos livros que eu ainda não tinha lido, ou terminado – porque sou dessas pessoas que começam três, quatro, cinco livros ao mesmo tempo. 

Bem, o livro em questão conta histórias e dramas de pessoas comuns de uma cidadezinha fictícia pequena e charmosa – Avalon – (as bruxas entenderão meu fascínio). 

Vale ressaltar que eu gosto muito de histórias contadas nesse contexto, talvez porque eu mesma tenha nascido em uma dessas cidadezinhas do interior de São Paulo.    

Nas minhas mãos

Ao pegá-lo nas mãos fui inundada por uma sensação de aconchego e uma certeza de que seria uma leitura prazerosa e leve, porém, por ser uma releitura, não nego, tinha expectativas de acessar percepções não alcançadas. 

Porque, fazendo um parêntese, eu acredito na teoria de que há conhecimentos ocultos em tudo, principalmente nos livros e que, acessamos quando estamos prontos, quando ampliamos a nossa consciência, quando verdadeiramente conseguimos ‘enxergar’ o que precisamos. 

Mas já está tudo ali, apenas esperando…pensamento mágico? Talvez…

Comecei, ávida até demais por ser uma leitura já realizada, e já posso dizer o quão incrível está sendo essa experiência, primeiro porque minhas expectativas estão sendo atingidas e realmente estou lendo as mesmas palavras com percepções e interpretações diferentes, diversos insights e segundo que tudo isso tem me deixado muito inspirada no meu cotidiano.

Entretanto, essa decisão foi custosa, e eu gostaria de contar sobre os instantes que antecederam o momento em que peguei o livro. 

O que aconteceu, é que minha mente inicialmente recusou a ideia e travou uma batalha em que defendia seu ponto de vista: mas você já leu esse livro mais de uma vez, são tantos os livros não lidos, tantos livros mais intelectuais na sua estante, que tal ‘Crime e Castigo’ de Dostoievski? 

Olha, confesso que ao olhá-lo, imponente, uma edição especial com uma capa dura magenta comprado recentemente, lindo e realmente atraente, fiquei na dúvida. 

Contudo, argumentei de maneira suave: me parece que no momento estou buscando algo menos denso e uma leitura mais fácil. 

Confesso que essa batalha durou alguns minutos, e como sabem, venci minha mente.

Vida Caótica

Importante dizer que minha vida está bastante caótica atualmente e nesse dia especialmente me encontrava bastante introspectiva e esse diálogo interno me fez duvidar por alguns instantes da minha sanidade. O que, confesso, tenho feito com alguma frequência nesse ano de 2022. Porém, a mente precisou se entregar, já não tinha argumentos, já não conseguia me convencer a ler outro livro que não fosse o que eu escolhi. 

As páginas amareladas são um charme, ele já foi emprestado para pessoas queridas e voltou, enfim a leitura segue de ‘vento em popa’ – o que me faz sentir culpa quando olho para os outros cinco começados, mas passa logo. Sinto que dessa vez, a leitura está provocando sentimentos e elaborações importantes para a ampliação do meu self (diria Jung). 

Essa situação mostra que nem sempre (ou quase nunca) a mente deve vencer as decisões, precisamos nos conectar com algo mais profundo do que ela, ouvir a nossa essência, nossa voz interna, nossa intuição ou o que você quiser chamar. 

Após a decisão tomada, quando ela vem desse lugar mais profundo, ela nos faz sentir paz e dá um quentinho no coração. 

Se faz sentir, faz sentido (essa frase não é minha, porém capta a essência desse texto).

Se escute mais a cada dia, faça boas conexões com você mesmo e sinta momentos de plenitude alternados com os momentos desafiadores – inerentes à vida humana.