Tem dias que são assim, mais conectados, mas iluminados, mais alegres, mais vivos. Não todos! mas tem dias que sim.
Hoje, embalada pela música “Mudança” de Flávio Leandro, comecei meu processo de conexão logo pela manhã, quando o Sol ainda estava chegando para nos saudar (assim como a borboleta pequenina que Marisa Monte canta), e ao longo do dia, fiquei pensando no processo criativo ou nem tanto, das minhas ‘escrivinhações’, tão meritório para mim, diria até terapêutico. Em muitos momentos, penso que só para mim mesmo, enfim, fiquei pensando na vida, ou melhor, no fim dela!
Porque, apesar de clichê, “a cada dia vivido (mal ou bem), temos um dia a menos”.
Essa afirmativa é óbvia, mas parece não nos mobilizar o suficiente, pois sempre achamos que “temos todo o tempo do mundo” (Tempo Perdido, de Renato Russo), mas na verdade não tempos, e o pior ou o melhor dessa constatação, é que na realidade, não sabemos quanto tempo temos!
Talvez seja melhor não saber, ou se soubéssemos, poderíamos viver melhor, ou com mais intensidade, ou com menos atribulações?
O que seria viver melhor, sem cair em um campo de positividade tóxica?
Não sei, se saber mudaria algo, na verdade, para mim, sim, eu acho que mudaria. Mas, a verdade é que não sabemos, já um tanto repetitiva nesse texto, e isso torna a nossa experiência terrena cercada de mistérios.
O que faz esse mistério em nossa vida?
Também não sei, mas tem dias que me pego pensando nisso com mais afinco. Num dia em que vivencio uma perda, no dia em que fico reflexiva com a finitude de pessoas que morreram em um dia que esperavam viver ele inteiro. Não quero, de forma alguma, fazer uma ode à morte. Mas como pensar a vida, sem pensar na morte?
Tem dias que são assim, e aí, ao invés de imprimir mais sofrimento no cotidiano, hoje resolvi dançar, cantar, beber e cozinhar.
Não nessa ordem, foi bem caótico inclusive, pois rebentos querem participar e as expectativas esfarelam bem na nossa frente, porém foi uma ode à vida.
Muita música, muita dança, prazeres da carne, horas bem vividas. E o mais interessante que o momento foi sendo construído ali, no momento presente, conforme ele ia acontecendo.
Essa dinâmica me fez pensar que a frase “O caminho, se faz caminhando” tem muito sentido, desde que estejamos fazendo uma ode à vida, que saibamos que não sabemos! Tem dias que são assim…
Pedir ao tempo para parar, uma utopia, talvez uma distopia, mas da maneira que vivemos, aparentemente achamos que podemos. Engraçado, não é? Realmente, nos enganamos com o tempo, com as horas, com o nosso tempo aqui. É engraçado, na medida que no limite, sabemos que não temos.
Então, tem dias, que lembramos. Lembramos que não temos “todo o tempo do mundo” e a gente dança, canta, cozinha e sobretudo vive!
Tão bom, recomendo a todos, recomendo que ao chegar em casa, depois de um dia de trabalho, ligue uma música e dance, com seus filhos, companheiros, e sobretudo consigo mesmo.
Cozinhar é bom também, poucos processos, ou muitos processos, você decide. Hoje, eu decidi por poucos processos na cozinha, pois estava querendo mesmo era dançar, dar vazão a processos internos.
Tem dias, e hoje foi um desse dias “bão” demais da conta!