
Esculturas e estruturas em Parintins
A Comudsaber possui, na sua essência, a missão de apresentar novos talentos, novas técnicas nas artes em geral.
Através de indicações, conhecemos a Andressa Oliveira, a criadora e responsável do site Amazonia Art’s ( www.amazoniaarts.com.br ), que me apresentou seu trabalho e, consequentemente, os artistas amazonenses. Temos muito talento e eles precisam ser apresentados ao mundo.
O Amazonia Art’s divulga e a Arte dos Povos da Floresta e a coloca ao alcance de todos. São obras exclusivas, criações independentes e inspiradoras.
Patrick Colares
O primeiro a ser apresentado será Patrick, um artista visual e escultor parintinense.
Quando você ouve sua história, pode ver que seu dom é nato, pois desde os 8 anos já buscava oportunidades de estudar as artes. Depois de algumas dificuldades com métodos, encontrou o Irmão Miguel, que ensinou desenho, jardinagem e passou noções de pintura, com as quais Patrick não se adaptou e, finalmente, conheceu a escultura, que seria sua grande paixão.
Quando o artista iniciou a escultura, descobriu sua vocação. Muito se produz por encomenda na região e isso o garantiu uma evolução como escultor.
Irmão Miguel tinha o dom de realçar as aptidões e direcionar os aprendizes para a direção certa.
Os artistas ali preparados tinham oportunidades no Festival, assim as portas se abriram para Patrick também.
Hoje o artista já tem mais de 25 de vivência e experiência artística.
Atua nas construções de alegorias gigantescas dos bois Caprichoso e Garantido, no Festival de Parintins, também atuou nas Escolas de Samba do Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo o Amazonia Art’s: “O artista se destaca pela perfeição, expressividade e riquezas de detalhes presentes nas criações das suas esculturas em argila.”
Em breve, ele ensinará suas técnicas em cursos.
Agora vamos ver algumas de suas obras criativas, exclusivas e que retratam as raízes do Brasil e de nossas lendas.
O Boto
A técnica está ligada à escultura em argila, com dimensões:45cm de altura x 20cm de largura frontal x 18cm largura lateral. Foi produzida em 2021.
A estrutura traz a lenda do boto.
Verifiquem na foto que a escultura retrata o momento da transformação, o boto está meio homem e meio peixe.
Para quem não conhece a lenda, vou resumir: o boto deixa as águas do rio na forma de um homem bonito e sedutor, sempre de roupa branca e chapéu, encanta as moças nas festas dos ribeirinhos, as seduz e elas sempre engravidam. Ao amanhecer, ele desaparece nas águas.
Gostaria que vocês prestassem atenção aos detalhes na obra:
- As pernas cruzadas e muito belas se transformando no rabo do peixe, detalhe para os pés cruzados;
- O formato dado às roupas permite que vejamos os movimentos da transformação e do vento nas mesmas;
- Os braços fortes e torneados, que traçam paralelo ao peixe que nada muito e ao personagem sedutor da lenda;
- Finalmente, a posição do chapéu, evitando a visualização direta do rosto, pois o boto se esconde, ele é lenda.
Índia e curumim
Escultura em argila com dimensões: 23cm de altura x 20cm de largura frontal x 20cm largura lateral. Foi criada em 2021.
Segundo a descrição do Amazonia Arts: “Essa escultura retrata todo aconchego, segurança e proteção de uma mãe indígena com seu filho, o curumim dorme tranquilamente no colo de sua mãe. Curumim adjetivo de tratamento destinado as crianças (meninos) da nossa região.”
Também gostaria de salientar alguns aspectos muito interessantes da obra:
- O curumim possui uma expressão de tranquilidade incrível;
- A índia traz no olhar a força e a garra da mulher índia;
- O braço e as mãos da índia possuem traços perfeitos;
- Destaque aos detalhes nos cabelos e acessórios.
Iara e o boto
Escultura em argila, com dimensões de: 47cm de altura x 27cm de largura frontal x 21cm largura lateral. Também foi criada em 2021.
Essa obra traz duas das grandes lendas locais: a Iara e o boto juntos.
A Iara, uma entidade que atrai os homens com seu canto, os leva para as profundezas, de onde eles não irão retornar.
O boto, ainda no formato peixe, mas sempre sedutor.
Duas entidades de nossas lendas na mesma peça.
Mais uma vez, gostaria de chamar a atenção para os detalhes da obra:
- A posição da Iara e do boto torna a obra mais complexa e de um grau de dificuldade de execução;
- Os cabelos trazem o movimento necessário à peça;
- Veja o olhar entre ambos os seres da natureza.
Índia Sorrindo
Escultura em argila, com dimensões de 30cm de altura x 19cm de largura frontal x 12cm largura lateral. Também criada em 2021.
A descrição da obra: “Essa escultura simboliza a beleza, expressividade e a força das mulheres das etnias indígenas do Brasil”.
Mais uma vez gostaria de colocar minhas observações pessoais:
- A naturalidade é a marca central;
- A Alegria apesar de todas as dificuldades;
- Os acessórios típicos da etnia;
- A leveza do corpo nu.
O Curupira
Escultura em argila, com 22cm de altura x 10cm de largura frontal x 22cm largura lateral.
Descrição da obra: “O curupira entidade da floresta guardião das matas, protegendo-a de caçadores e invasores, que tentam destruir a natureza. Nessa escultura em argila, tentei representá-lo montado em um porco do mato – e como e difícil de vê-lo, o camaleão em suas costas representa a ideia de camuflagem que desaparece no mato, a garrafa vem representar a permissão que o caboclo precisa ter do curupira para retirar da floresta o seu sustento.”
Parece-me muito adequado fazer uma escultura do Curupira em 2021, pois precisamos mesmo de guardiões para nossas matas e florestas. A Amazônia chora com o desmatamento e as queimadas e ele representa a proteção.
Essa escultura encerra a exposição de obras do artista no site e traz uma amostra de sua técnica, de seu perfil, de sua qualidade como escultor.
Este artista brasileiro é multifuncional, então vamos mostrar um pouco do escultor de grandes estruturas.
Festival de Parintins e Carnaval eixo Rio-São Paulo
O vídeo abaixo traz algumas estruturas e participações de Patrick no Festival de Parintins e no Carnaval exuberante de Rio e São Paulo.
Com pouca idade ainda aprendendo com Irmão Miguel, Patrick não se via dentro dos barracões do Festival. Mas depois que foi recrutado, o mundo se abriu. Depois do Festival, veio o Carnaval de Manaus e, em 2004, o carnaval de São Paulo. Em seguida, o do Rio de Janeiro.
O artista sofre com o distanciamento da escolinha do Irmão Miguel até hoje, de produzir suas esculturas e de sua arte inicial. Acima de tudo, um desejo enorme de ensinar.
Tudo que eu contei de forma resumida sobre a vida de Patrick pode ser visto no filme a seguir, vale a pena.
Mas se você quer conhecer um pouco mais sobre sua participação nos festivais, veja o esse outro vídeo:
Em breve, apresentarei outros artistas desse nosso país!
Obrigado Amazonia Art’s e vamos levar a cultura, a beleza e qualidade desses trabalhos para o País e para o Mundo.
Se você também quiser mostrar seus trabalhos, mande seu contato para a Comudsaber.