
O Espinho educacional e organizacional
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Num certo condado corporativo educacional um de seus líderes que era “consultor de relacionamentos” tinha como hábito fazer suas caminhadas matinais de pés descalço ao longo de um caminho arenoso próximo à sua ala residencial.
Esta atividade, quase que diária o ajudava na saúde aliviando as tensões do estresse.
Certo dia, porém, inadvertidamente pisou num espinho. Deu uma parada rápida, passou a mão no pé e, sentiu apenas uma leve dor local, mas não deu muita importância para o fato.
Assim continuou sua caminhada sem dar a devida atenção àquela dorzinha.
À medida que o tempo ia passando os sintomas foram piorando, só ai, é que resolveu procurar um médico e como de costume, acabou com três diagnósticos nas mãos.
O primeiro
Examinou seu pé, olhou atentamente para o vermelhão e disse: meu jovem senhor, você tem um belo espinho espetado bem no meio do seu pé e está inflamado, você precisa de cuidados, e prosseguiu no diagnóstico: blá, blá, blá….
O segundo
O segundo especialista, também após examinar o local disse: seu pé está muito inflamado, trata-se um espinho que penetrou obliquamente no meio do seu pé, provocando nesta região uma lesão em um dos nervos, que já se apresenta com formação de pus, e se isto não for removido dentro de três dias as coisas podem se complicar e blá, blá, blá…
O terceiro
O Terceiro diagnosticou: inchaço, inflamação, pus, febre e ainda identificou que o espinho era de laranjeira, portanto muito perigoso, e terminou a consulta com um sermão recomendando-o que procurasse andar e fazer suas caminhadas de tênis ou qualquer outro tipo de calçado para não acontecer mais estes incidentes, afinal ele não era mais nenhuma criança que desconhecesse estes perigos.
Uma indicação
No dia seguinte, um de seus grandes amigos, ao vê-lo mancando, perguntou:
– O que aconteceu com você?
– Um maldito espinho!
– Se o seu problema é espinho eu conheço um especialista, que vai resolver esta situação.
– Por favor, não me venha com mais um destes pseudo “gurus”.
– Não. Pode ficar tranquilo, aqui está o nome e endereço do sr. Pinho.
No dia seguinte, o consultor de relacionamento chegou na casa do sr. Pinho mancando, pé inchado, dolorido, febre e com inflamação e mal podia pisar no chão.
O especialista o examinou rapidamente e constatou como os anteriores, que se tratava de um espinho.
Pegou uma pinça e puxou o espinho de uma só vez.
O homem não gritou, ele uivou de tanta dor. Além dos palavrões que proferiu.
A partir daquele momento a dor diminuiu imediatamente, logo depois os outros sintomas foram amenizando e, em pouco tempo, o sujeito estava curado e de volta à sua vida normal.
O retorno
Intrigado, ele voltou ao sr. Pinho para tirar uma dúvida.
– Sr. Pinho, um dos especialistas me deu um sermão e, em outras palavras, me chamou de irresponsável, o que o senhor acha?
– Eu não acho nada, eu só resolvo uma parte do problema, o outro é com você!
– Poderia explicar melhor? Você não é um “guru” nestes assuntos?
– Esse é o problema de se querer respostas e soluções prontas para tudo, como se tudo na vida fosse um receituário. Os verdadeiros GURUS não trazem o bolo pronto, no máximo poderão lhes trazer os ingredientes. Por vezes nem trazem, porque o outro já os tem dentro de si, ele apenas facilita para que os encontre. Assim fazem os verdadeiros líderes, professores, políticos, religiosos etc.
– Mas não é esse o seu papel, interrogou o consultor?
– Não! Eu apenas retiro espinhos.
– Eu não os faço e nem os coloco nos caminhos das pessoas. Em determinadas situações, eu apenas facilito a retirada deles, porque os espinhos nos estimulam buscar soluções para os problemas.
– Que espécie de consultor é você?
– Como vai ajudar pessoas a resolver problemas quando fica o tempo todo querendo saber de respostas prontas?
Explicando
Para um coaching de primeira viagem, eu preciso dizer apenas algumas coisas:
Os pés e os espinhos têm muitas coisas em comum.
Os pés representam a busca, as metas, os objetivos, e os espinhos os obstáculos.
Qualquer um que for eliminado, não haverá mais caminhada.
Assim é o mundo das polaridades.
Continue caminhando, porque os espinhos mais difíceis de retirar precisam de um bisturi psicológico, porque estão tão profundamente internalizados nas pessoas que irá exigir de você meu jovem, bastante competência.
Para você se tornar um verdadeiro líder, você precisará desenvolver três atributos: transformar-se, superar seus obstáculos e transcender seus objetivos, ir do TER para o SER.
Pense nisso: os espinhos das árvores doem no corpo, mas os espinhos do ser humano doem na alma.
Eles são mais comuns do que você possa imaginar e se disfarçam facilmente, mas a dor é a mesma. Eles estão nas mágoas, medos, frustrações, ressentimentos, crenças negativas, baixa estima, nos sete pecados capitais e permeiam os pântanos das relações humanas nas escolas e empresas.

Solução
A solução não está em mim, está em você.
Não queira ensinar quando não sabes aprender.
Também não queira liderar pessoas quando não lideras a ti mesmo.
Não comandes se não consegues obedecer a ti mesmo.
Humildade, meu jovem. Humildade, humildade, só assim estará aberto à doutrina do coração e pensará com ele e também da doutrina da mente e aprenderá a sentir com ela.
Seja flexível.
Termino este artigo citando meu mestre:
“O verdadeiro homem é aquele que não fica radicado nas mesmas ideias”
Prof. Henrique José de Souza
Não tente jamais evitar a mudança, porque na pior das hipóteses, infalivelmente, ela o tornará um estatua de sal.
O universo é pleno de mudança.
O verdadeiro líder, aquele tirador de espinhos, muda na própria mudança. Educadores e lideres retiram espinhos todos os dias.