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O que fiz em julho…

Sou o segundo texto de três...

Primeiro, eu parei.

Aquelas paradas bruscas, sabe?

Daquelas de quando estamos correndo em alta velocidade! E, um pouco antes dessa parada, mais um mergulho em uma das tantas cavernas, hoje velhas conhecidas.

Chamo de cavernas ou mergulhos, minhas alterações importantes de humor que me levam para uma tristeza e insatisfação, com ‘coisas’ que muitas vezes não consigo nomear.

Hoje, elas são vivenciadas muito mais em um espaço interno do que externo, é bom destacar, porque trata-se de um elemento importante na minha jornada. A grande questão dos mergulhos na escuridão tristonha de hoje é que já não são mais como outrora, cheios de projeções e negações.

Hoje, são repletos de dor e angústia consciente — não uma dor doída, mas ainda assim uma dor, que consegue, sobretudo, encontrar sentido. Confiemos no processo!

O motivo dessa caverna?

Na minha percepção, a negação da minha realidade! Sim, e logo depois a parada!

Aquela brusca de que falei. E pensamentos para lá, reflexões para cá, muitos podcasts metanoicos, os flertes com a loucura — já velhos conhecidos também — e muitas emoções misturadas, uma enxurrada delas: ora raiva, ora tristeza, ora muita irritação e choro, e alegria também, entre uma coisa e outra. E, enfim, o que estou fazendo em julho, depois da caverna, depois dessa parada brusca?

Vivendo com mais calma, primeiramente, fazendo uma coisa de cada vez, sem pressa, com paciência e, principalmente, intencionando degustar cada momento da vida, que é tão bela e singular em sua magnitude de imperfeições! Mas o que estou fazendo com calma?

A minha vida, a minha realidade. Colocando em perspectiva as escolhas de uma vida inteira, fazendo conta, sonhando com possibilidades.

Estou ficando com as crianças, no quintal, brincando de restaurante, na sala assistindo a filmes, na minha cama batendo altos papos, na cozinha fazendo bolo, na casa dos meus pais admirando a consciência corporal e expressiva deles, no banheiro cuidando dos banhos, abraçando, dando ordens, colocando no colo, dando umas broncas, rindo e chorando. Tudo isso repleto de vida real, com poesia, fantasia e muitas emoções, todas elas, eu diria.

Estou cuidando das minhas plantas, elas estão tão lindas, são tantas hoje, e isso me dá uma felicidade enorme. Sim, ter plantas, muitas no meu quintal, na minha sala, no meu banheiro, na frente da minha casa. Por tantos anos, elas morriam durante o semestre conturbado na universidade, quando o meu trabalho estava mais intenso. E agora não, elas vivem, estão lindas, florindo, se regenerando.

Gosto de reservar esse momento para cuidar delas todos os dias. E estou transbordando na arte das plantas, estou criando mudas. Acho simbólico isso estar ocorrendo quando meus pensamentos estão em questionamentos e reflexões.

Estou lendo um livro só, olha que raridade: “A Livraria Mágica de Paris”. Lindo, tocante, profundo e leve ao mesmo tempo. Estou lendo devagar, sem pressa de acabar, todos os dias um pouco. Fala sobre amor, amores, tempo e vida.

Estou tomando meus cafés da manhã com calma, fazendo meu café com leite sem pressa, escolhendo o que vou comer, devagar e me permitindo degustar as coisas, pensando no dia, nos afazeres cotidianos e finalmente, depois de muitos anos, sem uma lista de tarefas.

Estou cuidando das coisas da casa, organizando, limpando armários (bastante simbólico também, inclusive), doando coisas, vendo o que serve e o que não serve mais para mim, para a nossa família, para a minha vida e colocando as coisas no lugar.

Estou bebendo vinho, com as amigas, com o meu companheiro e, às vezes, comigo mesma.

Que delícia!

E não posso esquecer: tenho meditado, sim.

Já estou no terceiro dia consecutivo (kkkk), em um aplicativo maravilhoso que encontrei na internet. Tem sido importante e quero muito que esse ato se torne um hábito, que eu consiga meditar na maioria dos meus dias, porque acredito muito nessa prática e em tudo o que ela pode proporcionar.

Chamei isso de “Experimento de Meditação”, porque meu pensamento voa, disperso minha respiração (se é que é possível), mas fico quietinha por 15 minutos (fisicamente pelo menos).

E, nesses afazeres de julho, refletindo que é isso que quero intencionar: fazer as coisas com calma, sem pressa, uma coisa de cada vez, no lugar mais desafiador atualmente, que é o meu trabalho.

Amo o que faço, mas preciso ressignificar minha relação com esse espaço tão potente, ao qual sou tão grata, pelo que ele me proporciona, no sentido mais amplo de significado.

Mas sinto que a energia trocada está desigual atualmente, e tem sido assim nos últimos anos, muito desproporcional. Esse enfrentamento, que tenho feito nos últimos tempos, às vezes até me confunde, porque me faz pensar que quero estar em outro lugar, que não quero mais fazer o que faço — distração do ego? Ou mensagem do self?

Ainda não tenho a resposta, apenas uma decisão em construção. Porque acredito, sem sombra de dúvidas, que a vida é onde ela está, nem mais para lá, nem mais para cá.

Os movimentos são sutis, devem ser amorosos e, mais do que tudo, amorosos comigo mesma e acima de tudo, sem ingenuidade (referência ao livro “Mulheres que correm com lobos “A mulher braba não pode ser ingênua” de Clarissa Pínkola, estes).

Tenho tido avanços, sim, eu hei de concordar, muitos. Mas quanto mais consciência temos, mais trabalho interno precisamos fazer para garantir o sentido da nossa existência. E, por isso, tenho pensado muito no caminho do amor, da vida sem pressa, das coisas pelas coisas e das coisas que fazem sentido ao meu self, a minha essência e não apenas ao meu ego (notem que disse ‘não apenas’).

Em uma conversa com uma pessoa muito sábia, ouvi: confie no processo e honre suas escolhas com amor, calma e genuíno interesse.

Enfim, está tudo ali, aqui, basta olhar com amor. Porque, no fim, o amor não é apenas o destino, mas o próprio caminho. E é esse caminho, trilhado com coragem e intenção, que transformará não apenas a minha vida, mas tudo ao meu redor.

Cada gesto, cada escolha, se tornará um ato de construção, de cuidado, de propósito. E nessa jornada, me permito ser inteira, ser presente e, finalmente, ser livre.

Sou Luiza Castro, uma canceriana em constante evolução, enfermeira apaixonada e incansável estudiosa da complexidade da saúde mental humana. Com um doutorado em ciências da saúde e especialização em saúde mental, meu propósito vai além da simples troca de conhecimento: anseio ser uma força transformadora através da escrita. Minhas palavras são profundamente inspiradas por minha própria experiência e jornada, pois acredito que a verdadeira mágica reside nelas — capazes de curar, inspirar e conectar. Em cada texto, busco catalisar mudanças profundas, guiando aqueles que cruzam meu caminho em uma jornada de autodescoberta e empoderamento. Estou comprometida em criar um espaço acolhedor, onde a saúde mental não é apenas uma discussão, mas uma vivência poderosa que nos une e nos fortalece. Por meio da minha escrita, transformo histórias individuais em trilhas de esperança e renovação, pois sei que juntos podemos construir um futuro mais saudável e consciente.