Quem me conhece sabe que eu aprecio muito obras de arte, eu gosto do que eu vejo, mas a realidade é que eu não tenho um profundo conhecimento das métricas e todo o aparato técnico e teórico que os estudiosos têm.
A verdade é que algumas me fascinam, de um modo até que intuitivo.
Esses dias estava apreciando uma gravura, um presente de uma amiga que está atualmente na França, a qual tenho muito apreço e está decorando meu cantinho de meditação/relaxamento/leitura/refúgio.
Trata-se do “Quarto de Van Gogh em Arles”, considerada uma das pinturas mais famosas da história da arte, Vincent o pintou em três telas.
O quadro retrata o quarto dele mesmo, com a mobília, roupas penduradas e quadros. O pintor impressionista disse sobre essa tela:
“Desta vez é muito simplesmente o meu quarto, aqui tem de ser só a cor a fazer tudo; dando através da simplificação um maior estilo às coisas, deverá sugerir a ideia de calma ou muito naturalmente de sono. Em resumo, a presença do quadro deve acalmar a cabeça, ou melhor, a fantasia”.
Contudo, uma pintura desse pintor impressionista genial nunca é simples e me remeteu à várias interpretações, algumas já conhecidas e outras construídas nesse momento de introspecção.
Após longo período contemplando essa gravura, percebi como a vida é maravilhosa e nos proporciona oportunidades a todo o instante e se não estivermos atentos e conscientes, deixamos de experenciar o sentido desses momentos.
Olhando aquela gravura, fui visitando aqueles espaços, fazendo articulações com meus sentimentos e emoções e fui sendo levada à um estado de contemplação profunda.
Não sei se vocês sabem, mas o movimento de contemplação, seja de qualquer tipo de arte, ou da própria natureza, melhora o nosso sistema imunitário, reduz a pressão arterial e os níveis de ansiedade e estresse.
Diversos estudos comprovam a relação direta entre as emoções positivas que sentimos ao contemplar. Mas essa definição, apesar de acalmar o nosso lado racional, me tira um pouco a poesia dessa oportunidade que está disponível gratuitamente e a todo instante e que nossa vida acelerada não nos permite desfrutar.
Durante o processo de contemplação, consegui me colocar na posição de observadora da minha mente e pensamentos, surgindo inclusive respostas para algumas perguntas que vinha me fazendo há tempos.
É preciso vivenciar, é preciso contemplar para poder ‘provar’ dessa técnica tão simples e tão potente para nossa saúde mental. E no mais, se não encontrar respostas, ou mesmo se transportar mentalmente para outros espaços, você já terá benefícios racionais anunciados em estudos acadêmicos.
Que as pessoas consigam enxergar as pequenas oportunidades no cotidiano para desfrutar de imagens, paisagens, músicas e fazer uma incrível viagem para o lugar mais importante do Universo: dentro de nós mesmos!
Arte da capa: Quarto em Arles – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)