Boate Kiss, não podemos deixar se repetir!
A Netflix foi precisa na criação de um filme com ares de documentário sobre o incêndio da Boate Kiss no sul do Brasil.
Primeiro, quero elogiar atores e atrizes, direção, fotografia e a todos os técnicos envolvidos.
O trabalho foi profissional, mesmo diante de um tema tão polêmico e tão trágico.
O filme
Mostra o antes, o acontecimento e, principalmente, o pós fato ocorrido.
O filme foi baseado no livro da jornalista Daniela Arbex e mistura a realidade um pouco de liberdade de ficção.
Com certeza, um dos filmes mais emocionantes que já vi! Foca no drama familiar de algumas das famílias envolvidas, pois seria impossível incluir a todos.
Um elenco maravilhoso:
- Thelmo Fernandes,
- Paulo Gorgulho,
- Bianca Byington,
- Leonardo Medeiros,
- Debora Lamm,
- Raquel Karro,
- Bel Kowarick,
- Erom Codeiro,
- Paola Antonini,
- Nicolas Vargas,
- Flavio Bauraqui,
- Laila Ziad.
A frase dita pela Diretora Geral, Julia Rezende, para a revista Exame, traduz a responsabilidade e qualidade do trabalho executado:
“É uma grande responsabilidade contar uma história ficcional inspirada em um fato real que destruiu a vida de tantas pessoas e chocou o país. Queremos dar luz, da maneira mais sensível e honrosa possível, à perspectiva de quem viveu tudo aquilo de perto, e ainda vive”
O filme me fez refletir muito sobre a vida e sobre a sociedade que vivo e a sociedade que eu merecia viver e não vivo, porque poucos definem os destinos de muitos.
A indignação
A Lei Boate Kiss, que deveria ter colocado regras bem mais justas nas regras que normatizam o funcionamento dos estabelecimentos, não trouxe mudanças substanciais. Seja no campo do Código Civil, no de Defesa do Consumidor, mas, acima de tudo, nas Leis que regem a improbidade administrativa.
As fiscalizações continuam ocorrendo de forma equivocada e cada dia mais temos riscos aumentados. Num tempo onde a tecnologia poderia ser um parceiro perfeito para a fiscalização, vivemos amarrados por burocracias e leis frágeis.
Muitas das mortes foram por envenenamento por cianeto, liberado da combustão de uma espuma que revestia o teto. Isso é revoltante, pois envolve decisões erradas e fiscalizações equivocadas.
Uma fala de um pai diante do juiz é a cena mais forte e perfeita que vi nos últimos tempos.
O filme questiona sobre as respostas dadas pela justiça, não só pela punição de quem era proprietário do local, e dos músicos que usaram fogos não permitidos. Mas o filme questiona onde estão os órgãos públicos competentes e responsáveis pela fiscalização que liberaram o estabelecimento para funcionar.
Série sobre incêndio na Boate Kiss ganha trailer na Netflix; assista ao vídeo | Exame
Questionamento do filme
Onde está a fiscalização e os órgãos competentes nos casos:
- Boate Kiss e seus mortos e tantos outros casos pequenos de problemas de segurança em lugares fechados. Não estou falando de boates e baladas, estou falando de igrejas, clubes, salões de festa de prédios e todos os ambientes sociais existentes?
- Bateau Mouche e tantas outras embarcações superlotadas, nos nossos rios e no mar?
- Barragem de Brumadinho e tantas outras barragens que apresentam riscos e estão por todo lado?
- Pessoas mortas nos últimos dias nas encostas do litoral de São Paulo? Na Bahia ano passado?
Não adianta existir normas se estas não forem devidamente seguidas e cobradas pelo Setor Público em todas suas esferas de responsabilidade.
Netflix fará minissérie sobre incêndio na Boate Kiss | O TEMPO
Indicação
Indico a todos que assistam, não só pela qualidade e o respeito atribuído ao caso, mas para que pensemos melhor se nós estamos cobrando dos estabelecimentos os documentos necessários e dos órgãos públicos que exerçam as funções para as quais são remunerados.
O livro está disponível em várias plataformas como Mercado Livre, Estante Virtual e várias livrarias.
Documentário do Globoplay
Além disso, gostaria de ressaltar que a Globoplay também lançou um documentário incrível sobre o fato ocorrido na Boate Kiss de Santa Maria no Rio Grande do Sul e merece atenção:
Ele valida muito o que o filme nos passa, além de trazer cenas e depoimentos reais das vítimas e dos parentes delas.
Acho extremamente relevante falar nesse assunto, pois fiscalizar é preciso sempre!!!
Eu não costumo olhar muito os comentários feitos nos trailers de filmes, mas neste caso me peguei vendo esse texto e a divulgação desses trabalhos é meu modo de dar voz a tanta gente.
Boa leitura e bom filme!