
Partindo da ideia de que Deus é o Criador da totalidade do mundo, tanto das realidades visíveis (materiais), quanto das invisíveis (espirituais), a Bíblia e a unanimidade das tradições judaicas e cristãs admitem a existência de seres puramente espirituais, incorpóreos, imortais, dotados de inteligência e vontade, que superam, em perfeição, todas as criaturas visíveis.
Tais seres são chamados de “Anjos”, cuja existência, para a Igreja Católica, é uma verdade de fé.
Os anjos são servidores de Deus e enviados para manifestarem Sua presença concreta no mundo e Sua intervenção na história humana (Catecismo da Igreja Católica, 328-336).
A ideia da existência dessas criaturas do mundo celestial é proveniente da consciência progressiva do monoteísmo judaico, posteriormente compartilhado pelo Cristianismo e pelo Islã.
Na Bíblia, numerosos textos relatam intervenções na história de Israel, de Abraão, de Moisés, de Jesus e na Igreja primitiva ou na fé cristã. Foi através de um anjo que se revelou o nascimento de João Batista (Lc 1.11-20), a encarnação do Filho de Deus a Maria (Lc 1.26-38); o nascimento da criança divina em Belém, aos humildes pastores (Lc 2,9-12).
Depois, os anjos voltaram com força, no domingo de Páscoa, anunciando a Ressurreição de Jesus e, mais tarde, apareceram como testemunhas privilegiadas da Ascensão do Senhor ao céu (Atos 1.10).
A Igreja peregrina na terra, especialmente na liturgia eucarística (missa), está associada às hostes de anjos que cantam a glória de Deus na Jerusalém celeste (cf. Ap 5, 11-14; Vat. II, Lumem Gentium).
ARCANJOS:
A Sagrada Escritura menciona uma categoria especial de anjos, chamados de “Arcanjos”, que significa “líder os anjos”; título que deriva da ideia de uma corte celestial, na qual, os anjos estão presentes em diferentes graus e dignidades.
Esses têm a tarefa de preservar a transcendência e o mistério de Deus, ao mesmo tempo que tornam presente e perceptível a proximidade salvífica divina.
Os Arcanjos são aqueles que estão à frente das hostes angelicais, servindo a Deus dia e noite, contemplando o Seu rosto e O glorificando incessantemente.
Mesmo que não faltem variantes que incluam outros nomes nas várias fontes judaicas e cristãs, que citam sete arcanjos principais, a Igreja moderna aboliu o culto aos Arcanjos, que não são mencionados diretamente nas Sagradas Escrituras e celebra três deles:
Gabriel
Gabriel (“força de Deus”) é um dos espíritos que se colocam à frente (Lc 1,19), revela a Daniel os segredos do plano de Deus (Dan 8,16;9,21-22), anuncia o nascimento de João Batista (Lc 1, 11-20) e à Maria, o de Jesus (Lc 1,26-38);
Duccio di Buoninsegna, (1308-11) National Gallery, London..jpg
Miguel
Arcanjo Miguel (em hebraico “quem como Deus?”), é aquele que se levanta contra Satanás e seus seguidores (Deut 9; Apoc 12,1-2; Zc 13, 1-2), é o defensor dos amigos de Deus (Dan10,13,21), protetor do seu povo (Dan 12,1);
Rafael
Rafael (“Deus salva”), é o que entre os sete anjos que estão diante do Trono de Deus, acompanha e guarda Tobias nas vicissitudes do seu caminho e cura o seu pai cego (Tob 12,15; cf. Apoc 8,2).
A festa dos Arcanjos na Igreja se dá em 29 de setembro.
ANJOS DA GUARDA
Sem jamais formular uma definição dogmática a respeito do Anjo da Guarda, o magistério da Igreja afirmou, em particular no Concilio de Trento (séc. XVI), que «desde o seu início até à hora da morte, a vida humana está rodeada pela sua proteção e pela sua intercessão» (Catecismo da Igreja Católica, n. 336).
Então a vida humana tem seu próprio anjo, (como afirmam Tertuliano, Agostinho, Ambrósio, João Crisóstomo, Jerônimo e Gregório de Nissa, entre outros).
Esta declaração é baseada na Bíblia, onde há esta referência é explícita, no Êxodo 23, 20, no Salmo 91, 11.
O próprio Jesus fala dos anjos da guarda:
“Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus” (Mt 18,10).
Mas, na realidade, a consciência da existência de um anjo da guarda, colocado por Deus ao lado de cada ser humano, afunda nas brumas do tempo, com base em tradições orais e escritas anteriores, do VI séc. a.C., em que descobrimos que Deus diz:
“Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei “(Êx. 23,20).
Poetas também cantaram elogios aos anjos da guarda como um sinal da preocupação de Deus pelos homens e de seu imenso amor, feito de misericórdia e ternura.
O Papa Francisco fala que o “respeito e escuta a este companheiro de caminho, se chama docilidade aos conselhos deste companheiro de caminho”, que é o nosso anjo da guarda.
A festa dos anjos da guarda foi oficializada na liturgia da Igreja Católica em 1608, para o dia 2 de outubro e também se esclareceu definitivamente o texto da oração mais conhecida das crianças, condensada a partir de um longo poema de um monge inglês do final do séc. XI:
“Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa, me ilumina. Amém.
O ANJO DA GUARDA- ternura de Deus
Os anjos lotam as obras de arte com sua graça, sua beleza.
São o assunto onipresente nas igrejas, nas casas, enfatizam o poder e a gloria de Deus:
A Virgem Maria quase sempre está rodeada por eles – ela é a Rainha dos Anjos – assim como os santos estão acompanhados por eles.
Os anjos são a representação de criaturas que não vemos, mas que preenchem o céu e a terra com a sua presença que sempre nos protegem ao longo do caminho da vida.
O ANJO DA GUARDA – nunca nos abandona
Ele é um sinal da preocupação de Deus pelos homens e de seu imenso amor, feito misericórdia e ternura, mas nós, humanos, devemos ouvi-lo, pois ele é amigo e companheiro de viagem, que nunca nos abandona.
Como lembrou o Papa Francisco, nos lembrou nas suas meditações sobre o Anjo da Guarda: “Um amigo que não vemos, mas sentimos”. Um amigo que, um dia, “estará conosco no Céu, na alegria eterna”.
E reitera Francisco: «o Anjo é para nos ajudar a não percorrer o caminho errado». Ele tem autoridade para nos guiar, mas necessitamos da oração, do nosso pedido de ajuda, precisamos ouvir a sua voz e não nos rebelarmos contra ele. ‘Nosso anjo – destacou o Papa – não está conosco apenas, mas vê Deus Pai, está se relacionando com Ele. É a ponte quotidiana, desde o momento em que nos levantamos até à hora de nos deitarmos, nos acompanha e nos une com Deus Pai … o anjo é a porta quotidiana da transcendência, do encontro com o Pai’: isto é, ‘nos ajuda a irmos em frente porque olha para o Pai e conhece o caminho’.
Os nomes dos anjos
Além dos arcanjos, aprendemos que todos temos um Anjo da Guarda.
O Papa Francisco pergunta:
“Você sabe o nome do seu anjo?”
Na verdade, essa pergunta é um convite para você estabelecer uma relação íntima com o seu anjo da guarda, ouvi-lo, e tomar consciência das coisas de Deus envolvendo você.