
Internação, recuperação e sequelas
O texto a seguir foi criado por mim, Cosmo Fuzaro, a partir de uma entrevista com o Fisioterapeuta Mt. Marcelo Colucci, com especialização em reabilitação. Marcelo está trabalhando direto nos hospitais e atendendo pacientes com a COVID-19.
Para começar, quero agradecer por essa oportunidade dada pelo autor, pois falar do pós-pandemia, nesse momento, é fundamental.
Elaboramos duas questões básicas relacionadas a pandemia da COVID-19 e nosso entrevistado as considerou muito pertinentes, pois tratam:
- da recuperação da COVID-19;
- das sequelas.
Já estamos nessa crise há quase um ano, desde o primeiro caso no Brasil e, mesmo com a possibilidade de vacinação em breve, ainda viveremos alguns meses com essa enfermidade levando o sofrimento e muitas dúvidas ao brasileiro.
A entrevista foi concedida para o Jornal interno do Hospital Oswaldo Cruz.
IDENTIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO
Consideraremos que os pacientes com necessidade de internação são aqueles onde a Covid-19 se apresenta afetando o organismo de forma moderada à grave.
Todo paciente quando chega ao Hospital passa por avaliação. Nessa verificação, se define a necessidade do uso de oxigênio.
Essa avaliação é feita por fisioterapeutas, que avaliam a necessidade, de acordo com a capacidade física desse indivíduo.
Se um paciente apresentar apenas sintomas como falta de ar e tosse, é realizado um procedimento com exercícios leves e a avaliação desses esforços indicará a necessidade ou não do oxigênio.
Quando os testes indicam necessidade de oxigênio, aciona-se a equipe de enfermagem.
O mesmo teste será realizado por fisioterapeutas para que os pacientes saiam do leito de internação.
Afinal, a falta de oxigênio está ligada aos esforços realizados.
O corpo humano usa mais oxigênio quando está fazendo esforço. Então, numa doença como a COVID-19, onde o acometimento pulmonar é o principal sintoma, existe alta queda da oxigenação durante os esforços.
O paciente e acompanhante passam a compreender o quadro clínico e a gravidade, a partir dos testes iniciais realizados. Nesse momento definem-se as necessidades de internação, equipamentos, medicação e uso de oxigênio.
É importante que a população compreenda que, em caso de internação o paciente pode demorar de duas a oito semanas para ter o tratamento concluído, dependendo da gravidade do quadro.
São exceções os casos de maior número de dias de internação.
Os casos leves a moderados com internação geralmente possuem tratamento entre duas e quatro semanas.
Os pacientes que precisam ser entubados na UTI, em geral, ficam em torno de 30 dias hospitalizados. Esses são indivíduos que levarão entre 1 a 3 meses para conseguir se recuperar. Nesse caso, o processo de recuperação varia de acordo com a gravidade da doença, que já começa a se mostrar logo nos primeiros dias.
SEQUELAS
Podemos considerar que sequelas não é a realidade para a grande maioria dos pacientes
A imensa maioria se recupera plenamente, mesmo que alguns possam demoram meses para atingir esse nível de recuperação total.
Infelizmente, em alguns casos, as sequelas são para o resto da vida, como por exemplo, as sequelas neurológicas.
A Covid-19 tem como característica principal ser um distúrbio de coagulação, logo há sequelas:
- pulmonares,
- renais,
- hepáticas e
- neurológicas,
A maior parte dessas sequelas está ligada a distúrbios de coagulação, que causam pequenos trombos na circulação dos órgãos. Por exemplo no rim, fígado, cérebro e pulmão; o processo leva esse indivíduo a ter uma redução na função desses órgãos vitais.
Um paciente pode apresentar uma embolia pulmonar, esse processo pode ter uma sequela pulmonar.
A própria instalação da pneumonia, em função da presença do coronavírus, causa uma fibrose pulmonar, que é muito comum, mesmo em casos leves.
Para o paciente, pode não trazer uma grande repercussão. Traçando um paralelo, como se tivesse uma queda e o joelho ficasse com aquela cicatriz, funciona como se fosse uma pequena cicatriz. A cicatriz não vai te impedir de fazer praticamente nada.

Porém, você pode sofrer um acidente e ter sua perna amputada, essa é uma cicatriz que fica marcante.
Então a Covid-19, do ponto de vista pulmonar, traz esse mesmo impacto, um paciente pode perder em 30, 40, 50, 60 por cento de sua função pulmonar para o resto da vida.
Apenas nos casos graves, ele pode vir a ser dependente de oxigênio para o resto da vida e passar a ter uma condição de incapacidade física para fazer esforços, como subir escadas, ladeiras, dar uma volta no quarteirão, seja retomar sua vida laboral.
Uma pequena parcela pode ficar dependente e precisar de alguma ajuda.
Sequelas renais
Muito comuns nos pacientes por conta desses pequenos trombos.
Uma mínima quantidade evolui com o quadro, de se ser um paciente renal crônico. Podendo ou não precisar de hemodiálise.
Geralmente não precisam.
Nos casos mais graves, podemos traçar um paralelo com as sequelas de pulmão e os percentuais do tamanho da sequela e da extensão do problema.
Sequelas Neurológicas
Se a trombose for, por exemplo, no cérebro, pode causar um acidente vascular cerebral. Nesse caso, o paciente pode ficar com uma sequela maior.

Cada caso é um caso.